O ex-governador Eduardo Leite (PSDB) anunciou nesta segunda-feira (13) sua pré-candidatura ao cargo de governador. O anúncio foi feito na sede estadual do partido, no Centro de Porto Alegre. “Comunico aos gaúchos e gaúchas que sou candidato à reeleição. Foi uma decisão tomada em conjunto, inclusive com o vice-governador Ranolfo.”
Em 2021, o então governador começou a buscar voos mais altos e articular uma candidatura ao Palácio do Planalto pelo PSDB. O primeiro movimento dos tucanos contrários a João Doria, então governador de São Paulo e já candidato à Presidência, ocorreu no dia 11 de fevereiro, em uma reunião partidária no Palácio Piratini. Acompanhado de deputados federais e senadores, Leite dava os primeiros passos rumo a uma disputa interna.
O confronto foi duro, com troca de acusações de fraude nas urnas durante as prévias presidenciais do partido e tom ríspido entre os adversários Doria e Leite. Enquanto isso, Tasso Jereissati, outro postulante a cabeça de chapa pelos tucanos, figurava como mero coadjuvante.
Leite saiu derrotado das prévias realizadas em novembro, mas não se conformou com o resultado. No dia 31 de março deste ano, o político gaúcho renunciou ao cargo de governador na intenção de articular uma candidatura paralela junto ao MDB e ao União Brasil. O movimento ocorreu após semanas de conversas com o PSD, partido comandado por Gilberto Kassab, que apelava a Leite para que assumisse a candidatura à Presidência pela sigla. As promessas ao gaúcho, porém, eram frágeis: na outra ponta, membros do partido negociavam com as candidaturas de Jair Bolsonaro (PL) e de Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Renúncia
Na coletiva do dia 31 de março, quando anunciou a renúncia ao cargo e a permanência no PSDB, Leite foi evasivo ao responder questões feitas por jornalistas sobre seu futuro político. “A renúncia me abre todas as possibilidades e não me fecha nenhuma”, repetiu incontáveis vezes naquele dia. Entretanto, uma das poucas respostas categóricas foi justamente sobre a sucessão no Estado, ao apontar o vice, Ranolfo Vieira Júnior (PSDB), como seu candidato.
Leite nega plano B
Mesmo derrotado duas vezes no plano nacional, Leite nega que a candidatura ao Piratini seja um plano B e sustenta que, na verdade, a alternativa já era estudada desde janeiro. "Se o plano A fosse ser candidato a presidente, eu teria trocado de partido”, afirmou durante a coletiva desta segunda-feira, lembrando a oferta de Kassab.
Leite acrescentou que sua saída da disputa nacional foi uma forma de não prejudicar a chamada "terceira via". “Nunca fiz política colocando aspiração pessoal acima de como poderia contribuir com a política. Eu poderia estar lá tumultuando esse processo”, disse, citando a desistência de Doria da disputa presidencial.
Aliás, enquanto Leite concedia entrevista coletiva como pré-candidato ao Piratini, jornais do centro do País anunciavam a saída de Doria da vida pública, ao menos para a eleição deste ano.
Agora, Leite tentará compor uma aliança com o MDB, e o favorito para assumir o cargo de vice é Gabriel Souza. Porém, a intenção esbarra na resistência interna de integrantes do partido que almejam candidatura própria.
"É legítimo que o MDB queira a cabeça de chapa. O PSDB também sempre teve candidato nacionalmente, mas abriu mão neste ano em favor da Simone Tebet", afirmou Leite durante a coletiva, mandando recado ao partido aliado.
O impacto das idas e vindas do ex-governador será medido nas urnas em outubro, como o próprio Leite fez questão de lembrar: "Quem vai fazer o julgamento sobre se esse caminho é bom ou não é a população."