Ainda que a exportação brasileira de carne bovina tenha apresentado crescimento de 24% no primeiro semestre de 2022 em relação a 2021, com alta de 53% no faturamento - segundo dados da Associação Brasileira de Frigoríficos (Abrafrigo) -, a lentidão no escoamento da produção no mercado interno e o avanço das escalas de abate dos frigoríficos devem contribuir para a continuidade da pressão de baixa no mercado do boi gordo no "curtíssimo prazo", aposta o Sindicato da Indústria de Carnes e Derivados no Estado (Sicadergs).
Conforme pesquisa da Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas), a bovina teve queda de 0,5%, e a de frango subiu 1%, um ritmo de alta inferior ao registrado nas semanas anteriores. Apesar da queda, o efeito ainda não foi sentido pelo consumidor. Quando o valor sobe, a alta nas prateleiras do mercado é quase imediata, mas quando desce, o recuo pode levar até oito semanas.
Comércio e consumidor se adaptam
Há três anos à frente dos negócios da família no bairro Rio Branco em Novo Hamburgo, a empresária Vanessa Lopes aposta em promoções para atrair os clientes. "Nos finais de semana, quando a procura aumenta, conseguimos reduzir os preços porque compramos uma quantidade maior do frigorífico. Com um volume maior dá para negociar um descontinho", comenta. Redução, conforme Vanessa, que pode chegar de 3% a 5%. "O consumidor sempre nos responsabiliza (açougue) como responsável pelo reajuste de preço, quando na realidade, não somos nós quem fazemos o preço, e sim, a indústria e o setor produtivo em geral", afirma.
No lugar das tradicionais carnes de primeira, muitos consumidores têm recorrido aos produtos considerados menos nobres: frango, ovos, carne de porco e partes menos demandadas do boi, como acém, lagarto e músculo. Mudança de hábito que é sentida nos açougues da cidade.
Churrasco salgado
E deve vir mais aumentos por aí. É o projeta a empresária Gilmara Nunes. Há quatro anos no setor, a proprietária de uma casa de carnes no bairro Ouro Branco prevê que poderá haver uma majoração nos preços da carne bovina, com a aproximação do Dia dos Pais. "O churrasco, que já é tradicional de todos os domingos, provavelmente ficará mais salgado neste Dia dos Pais. O quilo já chega ao revendedor com o preço mais elevado nestas datas comemorativas", projeta.