Enquanto para alguns o tempo em casa foi oportuno para prestar mais atenção no que se come, se exercitar mais e dormir melhor, para outros o tempo foi de descontar nos alimentos toda ansiedade sobre a nova realidade.
Frente aos novos quilos, o temor quanto ao desenvolvimento de alguma complicação ligada à Covid-19 só aumentou. E o medo é justificado: conforme o relatório "Covid-19 e a obesidade: O Atlas 2021", divulgado recentemente pela Federação Mundial de Obesidade, a taxa de mortalidade por coronavírus é aproximadamente 10 vezes maior em países onde metade ou mais da população está acima do peso.
A probabilidade de intubação também é bem mais alta para os obesos, de acordo com outra pesquisa divulgada pelos Centros de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA. O risco aumenta em 12% entre os adultos com sobrepeso e sobe para impressionantes 108% entre os obesos.
Ansiedade é a vilã
Para a nutricionista, escritora e doutora da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, Sophie Deram, o primeiro passo para reverter o quadro é cuidar da saúde mental. "Nos momentos de maior ansiedade, é importante olhar para si, analisar a origem da fome e tentar descobrir se ela é mesmo real ou emocional. Sentir-se ansioso em geral faz com que as pessoas comam mais", alerta.
A mudança em prol da perda de peso deve começar com a orientação correta de profissionais de saúde: nutricionistas, endocrinologistas, educadores físicos, psicólogos e fisioterapeutas são alguns dos especialistas na área.
Além da importância de aliar a atividade física, a hidratação, uma boa noite de sono e ajuda em saúde mental, Sophie alerta para o perigo de perder peso de forma rápida recorrendo a dietas restritivas, cortando vários alimentos por conta própria.
"As pessoas buscam dietas 'milagrosas', acreditando que isso fará bem à saúde, mas não é bem assim. Dietas restritivas causam estresse e, neste momento que estamos vivendo, afetam ainda mais a saúde mental das pessoas. Se você quer perder peso e, principalmente, emagrecer de maneira saudável e sustentável, a resposta não são as dietas, e sim um estilo de vida saudável", opina a especialista.
"É preciso estabelecer, desde cedo, uma boa relação com a comida, respeitando a própria fome. Quando comemos com culpa, tendemos a consumir alimentos em excesso, mas quando comemos com prazer, ficamos satisfeitos e sabemos respeitar nosso corpo", acrescenta.
A especialista alerta ainda para o risco de cortar alimentos e apostar em complexos vitamínicos, sem nenhuma orientação. A crença errada ainda envolve o suposto fato de que há superalimentos que poderiam aumentar nossa imunidade.
"Não existe fórmula mágica, infelizmente. Nenhum alimento é capaz de aumentar a nossa imunidade 'do dia para a noite', e defender esse tipo de conceito não tem embasamento científico e é irresponsável", destaca. Assim, alimentação saudável deve ser rotina.