Descrição da foto: Anderson Altíssimo, Vinicius Lacerda, Vinicius Gomes e João Victor formam a Closer
Como começou a banda?
Em 2003 eu e o batera Sandro tínhamos uma gothic band chamada Unknow Junk, influenciada principalmente por Bauhaus, Vzyadoq Moe e Nick Cave, mas nosso guitarrista se envolveu com drogas e acabou sendo preso. Depois de um ano, conhecemos o Vinicius Gomes e começamos tocando covers de Joy Division, The Cure, Velvet Underground e Smiths. Batizamos a banda de Closer em homenagem ao álbum do Joy Division. Em 2018 trocamos o baterista e o João Victor começou a tocar com a gente. Então gravamos o EP Transmutação.
Em Transmutação (2018) e Closer (2017) ficam bem claras as influências da banda, principalmente Joy Division. Para esses novos trabalhos que vocês estão preparando a sonoridade deve mudar ou segue a mesma linha?
Temos uma forte influência da obra de Ian Curtis e Joy Division, principalmente no álbum Closer, mas também nesse álbum além do post punk clássico do final dos anos 70, meados de 80, ouvimos bastante rock alternativo dos anos 90 como Second Come, Pixies, Radiohead, um pouco de indie anos 2000 de Interpol a Franz Ferdinand, além dos clássicos Velvet Underground, Leonard Cohen e Kraftwerk. Agora no EP partimos pra um lance mais eletrônico, como o próprio álbum Closer do Joy Division. Nesse EP estávamos bem fissurados no movimento do New Order que é um divisor de águas entre o post punk e o coldwave. O ingresso de Vinicius Lacerda no final das gravações do nosso primeiro álbum trouxe uma qualidade e maturidade sonora à banda.
Como foi o contato com o Balboa Studios?
Balboa Studios é um selo independente criado pelo nosso guitarrista Vinicius Gomes, que reside nos Estados Unidos. Quando ele foi pra lá, até por ser mais fácil comprar equipamentos, ele começou a produzir nosso som. Então pensamos "cara vamos fazer nossos álbuns por aí" e ele criou a Balboa studios, onde a gente manda as tracks por aqui e ele produz, arranja e faz todos os trâmites sonoros da Closer. Ele produz outras bandas bem legais, a Balboa na verdade é o quarto do vinicius e ainda tem um ótimo slogan: Balboa Studios, nós bebemos em serviço. Ele passa dois meses por ano aqui no Brasil e nesses dois meses marcamos o maior número possível de shows. Nesse meio tempo, ficamos entre composições, criações de arranjos, gravações, experimentos, tudo online. Também fazemos algumas apresentação no formato power trio, e assim a gente mantém viva a essência da banda.
Como é ter um garoto de 11 anos na banda? Vocês enfrentam algum problema para os shows em função da idade dele?
Por incrível que pareça ainda não tivemos problemas, bem pelo contrário. O Joãozinho é meu filho e desde pequeno sempre ouviu o que eu e a mãe dele ouvimos. Minha esposa passou a gravidez do João toda praticamente dentro de uma garagem onde ensaiávamos. Ele nasceu no meio da Closer. Ele é um guri autodidata, tem um ouvido extremamente aguçado e tem uma facilidade imensa de entender música de um jeito só dele. Além de bateria, ele toca teclado, guitarra, baixo e tá arranhando uma gaita de boca nos últimos tempos. Mas deixo bem claro pra ele, se não ir bem na escola, tiro da banda (risos). Ele é muito
estudioso, que é o mais importante.
Quais as maiores dificuldades enfrentadas por uma banda no interior do Estado?
É complicado. Aqui em Camaquã talvez seja um pouco mais que em outros lugares, é uma terra superconservadora. Mas tem uma galera, mesmo sendo a minoria, que curte e apoia. Somos mais conhecidos em outros lugares do que aqui. Em Porto Alegre fomos abraçados por um pessoal muito especial, toda os amigos da Nocturne que alavancaram nossa autoestima em continuar fazendo música e nos guiaram por caminhos que nunca imaginávamos que existia, a cena gótica. E sem esquecer o grande nome da poesia marginal e da música, o mestre Everton Cidade (músico e poeta de São Leopoldo) que tem nos dado uma grande força.