Luiz Coronel é poeta
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1. Lágrimas. Que jamais se festeje a condenação de um homem. Em vez de foguetes, joguem-se aqueles fogos de artifício que se desfazem em lágrimas ante os céus.
2. Luiz Inácio. Um operário ergue no País uma majestosa mensagem de inclusão social. Pobres, ricos e a classe média aderem ao sonho de uma nação mais justa. O mundo o saúda. Nosso presidente transita na carruagem de reis. Assume o poder entre temores, concilia os contrários e conhece anos de ventura.
3. O poder. “Todo poder corrompe”, diz Seymour Matin Lipset. Para construir a maioria no Congresso Nacional Lula herda a prática de compra de parlamentares, como quem compra bananas na feira. Os poderosos têm “mensageiros” de torpes negociações na Petrobras, nos Fundos de Pensão e nos Ministérios. É aí que a vaca vai para o brejo. Não se chega ao paraíso comprando ingresso nos lupanares.
4. A popularidade. Dilatando benefícios sociais, ergue-se o mito do “Pai dos Pobres”, que Getúlio Vargas granjeara. Seu partido passa a ser detentor da política social, por excelência.
5. Os intermediários. Lideranças partidárias, intermediários, elos entre governo, empreiteiras e órgãos estatais forram a mula. As Olimpíadas, a Copa, a construção de estádios e o dinheiro sujo rola em cataratas por meio dos superfaturamentos.
6. A República suprapartidária. Cada partido e “executivos” nomeiam solertes larápios para essas operações subterrâneas. Explode o “Mensalão”. Ninguém sabia de nada. A operação “Lava Jato” levará empresários bilionários para trás das grades. O foro privilegiado fornece escudo a centenas de parlamentares enrolados até o pescoço em maracutaias.
7. As provas. O simples retorno de bilhões de reais do exterior já basta para confirmar a ação dos saqueadores da pátria. A figura fulgurante do líder Luiz Inácio da Silva insere-se entre os suspeitos de condutas ilícitas.
8. O julgamento. Treze juízes condenam o ex-presidente da república em três julgamentos. Dos seis “Ministros” do STF, que negam habeas corpus a Lula, cinco foram indicados pelos governos petistas.
9. A esquerda. Absolutamente incapaz de encarar os próprios desacertos, para manter a fidelidade partidária, elabora acrobáticas narrativas. Moro é um agente da CIA. Há uma conspiração do Poder Judiciário. E assim, lamentavelmente, somos hoje uma nação dividida. Terão as eleições de 2018 o toque milagroso para harmonizar o País?
10. A novela. Se o suicídio de Getúlio Vargas foi uma tragédia, a prisão de Lula escreve uma novela. O “Lula Livre”, por ironia do destino, será também a alforria dos condenados em segunda instância e toda legião de indiciados. Para lavar nossos pecados, nem mesmo a água mais benta. O Brasil está em sombras, acenda sua lanterna.